sábado, 29 de maio de 2010

De meia-noite às Cinco





A partir de hoje eu só vou amar de meia-noite às cinco. Eu vou deitar em camas variadas e sugar o que cada uma oferecer. De meia-noite as cinco eu vou fazer e ouvir juras. Durante cinco horas eu não vou ligar para o futuro, passado ou presente. Eu não atenderei telefonemas e nem chamadas desesperadas. De meia-noite às cinco eu seria infame, ladra, permissiva e louca. Nessas horas da madrugada eu vou querer tudo o que tenho direito sem me preocupar com comentários, falatório, boatos e o que mais tiver. Acho que ninguém tem nada a ver com as minhas escolhas , principalmente porque ninguém paga as minhas contas , então de meia-noite às cinco eu vou deixar tudo acontecer...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Inesperado




Sua vida se transformou num abismo, num buraco negro. Ele se perdeu e perdeu tantas coisas que, apesar de nem ter se dado conta ainda, o prejudicou. Perdeu a razão, o fôlego e falta pouco, bem pouco para perder a vontade de viver. Ele se entregou! Se entregou as noitadas , se entregou aos amores da madrugada, ao excesso de tudo o que é tóxico, ao sonos mal dormidos. Até hoje, mesmo os mais próximos, não sabem o que ocorreu de fato. Alguns dizem que foi por causa de muito amor e outros falam que foi por falta de amor. Hoje é raro ele sorrir, o máximo que ele faz é esboçar uma leve entortada de lábios, acho que é o novo sorriso dele. Ele não faz perguntas, não responde e-mails. Ele não sai com os amigos, prefere ir pra um café perto de casa e ficar sentado, sabe-se lá fazendo o que.

Outro dia eu passei por ele e ele acenou, fiquei surpresa claro e em troca dei o sorriso mais caloroso que tinha. Mais tarde no mesmo dia eu o vi entrar no tal café e como não quer nada eu entrei. Fingi que não o vi sentado na última mesa, no canto mais escuro e eu sentei 3 mesas à frente. Pedi Capuccino e bolo de chocolate, nada mais saudável ! Resolvi trocar de cadeira. Sentei mais perto das janelas, eu adoro janelas . Eu o ouvi rir, gargalhar e não consegui conter minha virada de cabeça e ele acenou com a cabeça.Depois de acenar de volta e ficar imaginando o porque ele havia rido meu pedido chegou. Eu olhei para trás mais uma vez e ele estava escrevendo em um caderninho, não tirava os olhos do caderno, nem mesmo quando parava pra pensar. Na sua mesa tinha várias xícaras, meu Deus!Como ele gosta de café! Acho que o incomodei , ele me olhou e não sorriu e, logo depois, saiu andando e nem olhou para trás. Me senti estúpida. Para que eu fiquei encarando ele? Comi o mais rápido que pude e fui embora. Quando saí ele estava do outro lado da rua com um caderninho azul na mão e encostado numa bicicleta sorrindo. Fiquei paralisada ao vê-lo andar em minha direção, não sei qual foi a minha expressão facial naquele instante, mas ele sorriu e ele tinha um sorriso lindo que eu não sei porque ele ficava o escondendo. Ele me olhou e começou a falar:

- Eu sei que pode parecer loucura, mas será que você não gostaria de jantar comigo qualquer dia desses ? - Logo depois ele sorriu um sorriso nervoso, mas igualmente belo ao de antes e foi inevitável dizer sim.

sábado, 22 de maio de 2010

Amadurecimento



Você já percebeu o quanto crescemos ? Por algum motivo parou para pensar o quanto amadurecemos? Pois é! Nós crescemos, evoluímos , criamos novos laços , nos mudamos. Você não é mais a pessoa que me abraçava quando eu precisava. Você , por algum motivo, criou essa barreira entre nós. Não querido! Eu não quero jogar toda culpa em você. Sei que eu fui responsável por isso. Nós fomos e somos culpados pela parede de gelo que se formou entre nós dois.

Você escolheu outros caminhos, trocou até aquele telefone preto velho e arranhado por algo mais novo, mais digno do homem que se tornou. Mudou o aparelho, mas não mudou o número. Às vezes, por um momento, eu acho que essa mudança toda, essa coisa que a sociedade chama de “amadurecer”, foi culpa minha. Sempre lhe cobrei menos infantilidade com meus alertas e puxões de orelha “ Não seja tão bobo” , “leve as coisas a sério” , “encare a realidade”, “Cresça”, acho que você atendeu aos meus pedidos.

Eu reconheço que também amadureci , não acho que tenha sido um amadurecimento, mas um envelhecimento. Me tornei mais exigente, mais confiante, mais velha. Tudo que faço desde o nosso último encontro tem uma meta, eu não faço mais nada só por fazer. Te juro! Não sei o que houve. Eu não faço mais promessas que não poderei cumprir, aquela que fizemos já foi o suficiente e eu ainda tenho as sua caligrafia no guardanapo “ EU PROMETO” .

Quando somos jovens prometemos muitas coisas, coisas que nós não sabemos, mas que não vão se cumprir. Eu prometi te ligar quando desse vontade e você prometeu atender, mas o nosso orgulho de pessoas “sábias” não nos deixa.

Hoje depois de tanto tempo, de tanto amadurecimento, eu te olho de longe... Não reconheço. Eu o vejo com aquele olhar de homem maduro que acha que está fazendo um bem para si. Você não sorri como antes , não age por impulso, não canta mais suas bandas favoritas, não toca nem na sua guitarra que, carinhosamente, chamávamos de June Carter. Você e eu sabemos que fazemos parte desse amadurecimento um do outro , mas não sabemos se é uma coisa boa ou ruim. Aquelas velhas crianças tolas que fomos ainda estão aqui dentro! Eu vejo isso , não ... Eu sinto, mas o problema é que já é tarde e nós sempre soubemos que crianças têm que ir pra cama cedo.

Não há nada igual

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