quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A dor da madrugada ou de uma vida inteira

O problema não é a cidade. As pessoas também não são problemas. O problema é o que bate aqui dentro. O problema é exatamente aquilo que dói lá no fundo. O problema é que a única maneira de aliviar isso é o choro na madrugada quando me acho mais vazia, mais insone. Sempre gostei de chorar na madrugada, acho nobre. Desde que essa dor começou a corroer meu pobre e volúvel coração eu não tenho mais orgulho, eu não sinto mais medo dos meus sentimentos. Meus sentimentos me corroeram, acho que foi necessário. A dor é grande, mas ela vai parar. Tenho fé que vai parar. Uma hora ou outra vai parar. Não importa quanto tempo leve, uma madrugada ou uma vida inteira, pois uma hora vai haver conforto e aí eu vou encontrar a beleza que há no sorriso novamente. 

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Carlos e Eliza

- Quero que saia com outros rapazes!
- COMO É QUE É ? – Eliza disse exaltada. Como Carlos pode falar algo assim ?
- Isso! Saia com outros rapazes. Da sua idade, com mesmos sonhos...
Ela não deixou que ele completasse.
- Aaah! Então o problema é minha idade.
- Não é a sua idade. É a minha idade.
- Não te entendo.
- Quando tiver a minha idade você vai entender.
- Não. Não vou . Por que essa síndrome de idade agora?
- Simples...
- Simples?
- Quer deixar eu terminar porra ?
- Agora você xinga ?
- Deixa eu terminar. Deixa eu fazer com que você entenda de uma vez por todas.
- Não preciso entender nada e você precisa de um tratamento.
- Você nunca parou pra pensar nisso.
- E agora você chama “nós” de “ISSO”?
- Presta atenção! Não interprete as coisas da forma errada Liz.
- Seria impossível eu interpretar as coisas da forma errada. Eu sou sua melhor aluna.
- Não é hora para graças Liz. Olhe pra você. Olhe pra mim. Você tem 17 anos e eu 32. Existe tanta coisa que você ainda não viu. Tanta coisa que você ainda não viveu.
- Mas eu vou viver... ao seu lado.
- Acho que você ainda não está entendendo. Eu já vive todas essas coisas e agora eu só posso rir delas.  Eu me sinto egoísta. Estou privando você de viver essas coisas. Sério mesmo. O que você fez comigo de novo ?
- Eu transei.
- Liz... Você sabe muito bem do que eu to falando.
- Não ligo para essas coisas. Eu só preciso de você
- Você não liga hoje, mas vai ligar.
- Eu quero ter filhos Liz.
- Eu posso te dar filhos!
- Eu quero ter filhos agora.
ELiza fechou os olhos e depois que abriu olhou pelo vidro. Ela estava começando a ficar com medo de onde aquilo iria chegar. Eles já tiveram essa conversa milhões de vezes, mas nunca chegara a esse ponto. Carlos percebeu que ela ficou calada e deu uma pausa naquela conversa.
- Eu gosto de você. – Eliza disse. – Gosto muito mesmo. De verdade
- Eu sei que gosta. Eu também gosto. Mas eu não quero te privar de nada.
- Eu já disse que não me importo. Eu posso te dar filhos, é só esperar mais um ano.
Carlos riu. Eliza fazia tudo parecer tão simples.
- Eu sei que você não está preparada para isso agora. Ano que vem você deveria estar começando a faculdade e não uma família. E você se arrependeria depois. Mais tarde, quando visse tudo o que perdeu, você se arrependeria.
- Jamais. Você sabe disso.
- Eu não sei... Você muito menos.
- E se eu não quiser viver tudo o que você acha que eu devo viver? E seu eu quiser só ter você ao meu lado? Hein? E se eu quiser somente o seu amor? O que eu faço com isso ?
- Ai Liz! Você é um anjo, mas sabe que estou certo. No fundo você sabe. Não acredito que uma menina que consegue interpretar Shakespeare com louvor seja tão cega assim.
- Não estou cega!
- Eu não deveria ter permitido.
Liz olhou para ele confusa.
- Eu não deveria ter me aproximado de você. Não deveria ter me encantado por você.
Imediatamente ela sorriu e acariciou os cabelos de Carlos. Ele olhou para ela e fez uma careta
-  Carlos, no momento a única coisa que importa é que eu te amo.
Ela deu um beijo nele e ali aquela conversa se encerrou. Pelo menos por hora.

Não há nada igual

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