sábado, 27 de novembro de 2010

Um novo começo...


  Hoje Luiza acordou diferente.  Desde que Léo partiu ela não acordava daquele jeito.  Sua mãe foi até seu quarto e se assustou ao ver que Luiza não estava lá, embolada com as cobertas, pois desde a noite em que Léo partira Luíza não se levantava até que todos já tivessem ido embora. Ela estava com medo de enfrentar as perguntas que viriam, estava com medo dela mesma, de como seria sua reação caso alguém perguntasse o que de fato tinha acontecido, então ela simplesmente evitava o mundo. Mas hoje, hoje seria diferente.
 Dona Marta viu a filha descer as escadas e a seguiu receosa de que sua filha não tinha  notado que ainda era cedo e que todos ainda estavam em casa, mas como eu disse, hoje ia ser diferente. Luíza desceu os degraus e quando notaram sua presença, todos que falavam sem parar sobre os planos do fim de semana ficaram calados e observaram aquela figura em pé na ponta da mesa. Foi um choque para todos. Ninguém sabia o que dizer ou se deveriam dizer alguma coisa. Estranharam mais ainda o fato de Luíza estar arrumada, com cabelos penteados, como na época em que Léo vinha tomar café aos sábados com a família de Luíza.  Ela percebeu aquela tensão que girava em torno dela e deu seu comportamento desde que Léo partira e com uma ironia natural, típica dela, sorriu para todos e perguntou se alguém tinha visto um fantasma. Dona Marta ajudou a amenizar a situação e puxou a filha pelo braço assentindo para o marido que tudo estava bem e todos começaram a falar de novo sem parar sobre os planos do fim de semana. Dona Marta estava preocupada com aquele comportamento. Ela havia lido sobre suicídios e esse comportamento repentino era considerado um sinal. André, o caçula da família, resolveu incluir Luíza na conversa, perguntou o que ela ia fazer. Ela sempre fora uma das mais empolgadas para o fim de semana, respondeu André se divertindo com a própria resposta. Ela respondeu “ Vou VIVER!”e levantou-se da  cadeira  para  se arrumar.
 Nem ela mesma sabia o porque mudou de idéia sobre a vida. Talvez tivesse sido algum sonho que teve na noite passada e não se lembrava, talvez  tivesse sido algum documentário, quem sabe não seriam os astros que se posicionaram exatamente na linha da felicidade ou simplesmente porque o mundo parecia extremamente convidativo e o céu estava satisfatoriamente azul. E então lá foi ela, consciente de que depois de todo fim tem que haver um novo começo.

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