quarta-feira, 26 de maio de 2010

Inesperado




Sua vida se transformou num abismo, num buraco negro. Ele se perdeu e perdeu tantas coisas que, apesar de nem ter se dado conta ainda, o prejudicou. Perdeu a razão, o fôlego e falta pouco, bem pouco para perder a vontade de viver. Ele se entregou! Se entregou as noitadas , se entregou aos amores da madrugada, ao excesso de tudo o que é tóxico, ao sonos mal dormidos. Até hoje, mesmo os mais próximos, não sabem o que ocorreu de fato. Alguns dizem que foi por causa de muito amor e outros falam que foi por falta de amor. Hoje é raro ele sorrir, o máximo que ele faz é esboçar uma leve entortada de lábios, acho que é o novo sorriso dele. Ele não faz perguntas, não responde e-mails. Ele não sai com os amigos, prefere ir pra um café perto de casa e ficar sentado, sabe-se lá fazendo o que.

Outro dia eu passei por ele e ele acenou, fiquei surpresa claro e em troca dei o sorriso mais caloroso que tinha. Mais tarde no mesmo dia eu o vi entrar no tal café e como não quer nada eu entrei. Fingi que não o vi sentado na última mesa, no canto mais escuro e eu sentei 3 mesas à frente. Pedi Capuccino e bolo de chocolate, nada mais saudável ! Resolvi trocar de cadeira. Sentei mais perto das janelas, eu adoro janelas . Eu o ouvi rir, gargalhar e não consegui conter minha virada de cabeça e ele acenou com a cabeça.Depois de acenar de volta e ficar imaginando o porque ele havia rido meu pedido chegou. Eu olhei para trás mais uma vez e ele estava escrevendo em um caderninho, não tirava os olhos do caderno, nem mesmo quando parava pra pensar. Na sua mesa tinha várias xícaras, meu Deus!Como ele gosta de café! Acho que o incomodei , ele me olhou e não sorriu e, logo depois, saiu andando e nem olhou para trás. Me senti estúpida. Para que eu fiquei encarando ele? Comi o mais rápido que pude e fui embora. Quando saí ele estava do outro lado da rua com um caderninho azul na mão e encostado numa bicicleta sorrindo. Fiquei paralisada ao vê-lo andar em minha direção, não sei qual foi a minha expressão facial naquele instante, mas ele sorriu e ele tinha um sorriso lindo que eu não sei porque ele ficava o escondendo. Ele me olhou e começou a falar:

- Eu sei que pode parecer loucura, mas será que você não gostaria de jantar comigo qualquer dia desses ? - Logo depois ele sorriu um sorriso nervoso, mas igualmente belo ao de antes e foi inevitável dizer sim.

2 comentários:

Fernanda disse...

O máximo, como sempre. Voce sabe que sou sua leitora assídua! Beijos

Erika disse...

Tive um deja vu com seu texto hahaha e adorei!Vvc escreve super bem ju, e é super romantica! Vou passar a ler mais seus blogs. =)
Um beijo

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