sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Carlos e Eliza

- Quero que saia com outros rapazes!
- COMO É QUE É ? – Eliza disse exaltada. Como Carlos pode falar algo assim ?
- Isso! Saia com outros rapazes. Da sua idade, com mesmos sonhos...
Ela não deixou que ele completasse.
- Aaah! Então o problema é minha idade.
- Não é a sua idade. É a minha idade.
- Não te entendo.
- Quando tiver a minha idade você vai entender.
- Não. Não vou . Por que essa síndrome de idade agora?
- Simples...
- Simples?
- Quer deixar eu terminar porra ?
- Agora você xinga ?
- Deixa eu terminar. Deixa eu fazer com que você entenda de uma vez por todas.
- Não preciso entender nada e você precisa de um tratamento.
- Você nunca parou pra pensar nisso.
- E agora você chama “nós” de “ISSO”?
- Presta atenção! Não interprete as coisas da forma errada Liz.
- Seria impossível eu interpretar as coisas da forma errada. Eu sou sua melhor aluna.
- Não é hora para graças Liz. Olhe pra você. Olhe pra mim. Você tem 17 anos e eu 32. Existe tanta coisa que você ainda não viu. Tanta coisa que você ainda não viveu.
- Mas eu vou viver... ao seu lado.
- Acho que você ainda não está entendendo. Eu já vive todas essas coisas e agora eu só posso rir delas.  Eu me sinto egoísta. Estou privando você de viver essas coisas. Sério mesmo. O que você fez comigo de novo ?
- Eu transei.
- Liz... Você sabe muito bem do que eu to falando.
- Não ligo para essas coisas. Eu só preciso de você
- Você não liga hoje, mas vai ligar.
- Eu quero ter filhos Liz.
- Eu posso te dar filhos!
- Eu quero ter filhos agora.
ELiza fechou os olhos e depois que abriu olhou pelo vidro. Ela estava começando a ficar com medo de onde aquilo iria chegar. Eles já tiveram essa conversa milhões de vezes, mas nunca chegara a esse ponto. Carlos percebeu que ela ficou calada e deu uma pausa naquela conversa.
- Eu gosto de você. – Eliza disse. – Gosto muito mesmo. De verdade
- Eu sei que gosta. Eu também gosto. Mas eu não quero te privar de nada.
- Eu já disse que não me importo. Eu posso te dar filhos, é só esperar mais um ano.
Carlos riu. Eliza fazia tudo parecer tão simples.
- Eu sei que você não está preparada para isso agora. Ano que vem você deveria estar começando a faculdade e não uma família. E você se arrependeria depois. Mais tarde, quando visse tudo o que perdeu, você se arrependeria.
- Jamais. Você sabe disso.
- Eu não sei... Você muito menos.
- E se eu não quiser viver tudo o que você acha que eu devo viver? E seu eu quiser só ter você ao meu lado? Hein? E se eu quiser somente o seu amor? O que eu faço com isso ?
- Ai Liz! Você é um anjo, mas sabe que estou certo. No fundo você sabe. Não acredito que uma menina que consegue interpretar Shakespeare com louvor seja tão cega assim.
- Não estou cega!
- Eu não deveria ter permitido.
Liz olhou para ele confusa.
- Eu não deveria ter me aproximado de você. Não deveria ter me encantado por você.
Imediatamente ela sorriu e acariciou os cabelos de Carlos. Ele olhou para ela e fez uma careta
-  Carlos, no momento a única coisa que importa é que eu te amo.
Ela deu um beijo nele e ali aquela conversa se encerrou. Pelo menos por hora.

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